26 outubro, 2005

Vou processar a Adriana...

Na verdade não é bem ela, e sim o Wilson Simonal, que escreveu a letra.

Ê, Simonal, presta atenção, Simonal...
Já ouviu a música "Vesti Azul"? Ela foi usada pela Caixa Econômica Federal numa campanha de publicidade há muito, mas muito tempo atrás. "Vesti azul, minha sorte então mudou", diz a música. Comigo não funcionou!

Depois da institucionalização do tabarismo, resolvemos ir ao Valentino assistir a uma mostra de curtas. A companhia? Perfeita, não poderia ser melhor. O local? Horrível, não podia ser pior. Não sei bem o porquê, mas o Valentino me deixa meio zzzzzz, ah, vc sabe...

Os curtas eram, bem, como descrevê-los?, diferentes. Um deles, baseado em Platão, usava a alegoria da caverna como ponto de partida. Cena desnecessária: uma menina de rua sendo currada por um playboy ao som de vários Confetis (aquelas imitações de M&M's da Lacta) caindo no chão. Outro, provavelmente tcheco, mostrava uma jovem tendo momentos de intimidade bastante íntimos, por assim dizer, com um caracol. O último não pôde ser exibido por mal funcionamento do equipamento.

Incrível como mesmo estando com as companhias perfeitas eu me senti mal dentro do Valentino. Sei lá, não sei bem explicar. Mas algo lá me deixa muito incomodado, muito mesmo. Por algum motivo estava me sentindo muito mal, espiritualmente carregado, com uma sensação mista de raiva e impotência; vontade de bater a cabeça na parede de raiva de mim mesmo...

Vim embora antes da hora, por ter que ir no demissional hoje de manhã. No rumo de casa decidi comer algo, e passando na frente do Vilão, resolvi entrar. Cassoulet é sempre uma boa pedida.

Prato feito (e bem servido), Bohêmia aberta sobre a mesa. Pergunto ao garçom "Aceita Rede Shop?". "Não", seco e enfático. Puta merda!!! O mais básico dos básicos, verifique as formas de pagamento antes de consumir qualquer coisa em qualquer lugar. Ainda bem que moro perto de lá. Depois de beber a comida e nem sentir o gosto da cerveja, paguei parte da conta com o que tinha na carteira e corri em casa para ajuntar entre as moedas e trocos espalhados o restante da conta. Constrangido? Não, quase nada...

Da próxima vez, burrão, vê se tem ESTE selo no lugar onde você vai entrar!!!

Voltei com uma cara de tacho do tamanho de um dia inteiro. Paguei ao garçom (ele se espantou, "mas já?") e saí, com um ódio maior ainda dentro de mim. Como é que eu fui dar uma bola fora dessas??? Como???

E isso porque ao sair de casa pra ir pra aula (aula?) resolvi me vestir de azul, pra ver se a minha sorte mudaria. Mudou, ô se mudou...

.oOo.

Era um homem de letras. Não as conhecia todas, é bem verdade. Mas era articulado. Escolado em retórica, sempre tinha um comentário pertinente, uma contribuição, mesmo que jocosa, aos mais diversos assuntos que pudessem estar em pauta.

Já fora mestre-de-cerimônias em outros tempos. Sua eloqüência era admirada e elogiada. Invejada, por que não. "Veja como se porta bem diante do público"... "Incrível, sua voz atinge mesmo as últimas fileiras com a mesma clareza"... "Ele pode até falar alguma mentira, mas do jeito que fala bem, eu até acredito".

Mentir, nunca precisou. Mas sempre encontrava as palavras certas quando precisava convencer os outros. Conseguiu até emprego assim! Elogiado pelos superiores, recebia promoções, graças ao seu dom.

Tinha um ponto fraco, apenas: as mulheres. Não eram raros os momentos em que bastava a palavra certa, na hora certa, para que elas se rendessem aos seus carinhos. Por ser mais culto que belo, tinha uma dependênia umbilical da língua (enquanto fala, bem lembrado) para cativar as donzelas. Mas cadê que as palavras apareciam? Em que recôndito, meu Deus, elas se escondiam, só para deixá-lo naquele silêncio mórbido e soturno, naquela ausência de sons, mesmo os guturais? "Por quê?", se perguntava. Logo ele, que conseguira dobrar advogados, médicos, até mesmo padres, com as flechas lancinantes que disparava de sua boca.

Certa feita, ele se remoía, ao coche junto à jovem, havia preparado um belo discurso, com floreios e mimos, com devaneios e até mesmo alguns flertes. Estes se agarravam em sua garganta como bebês ao seio da mãe, e nem mesmo com toda a força que fazia, se permitiam dali escapar, mesmo que um ou outro apenas. Passada a ocasião, eles se soltavam, dançavam em sua boca como damas loucas, como crianças zombeteiras que brincam de se esconder.

E assim foi, sempre surpreendendo aos grandes, e sempre se frustrando quando mais precisava convencer. E de tanto gastar verbos desnecessariamente, morreu, mudo, calado, quieto. Sobre sua lápide, ostenta uma enciclopédia e um dicionário. Palavras mortas que tanto lhe fizeram falta.
.oOo.

Depois desta pequena verborragia, vamos à desmotivação do dia (rimou, e eu não queria):

Amargor
Nunca tenha medo de dividir os seus sonhos com o mundo. Até porque não há nada que o mundo goste mais do que o sabor dos sonhos realmente doces


E é isso aí. Ou como dizia Mel Blanc, "That's all, folks!".

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NP
"Vesti Azul" - Adriana

Coisas que eu aprendi desde o último post
* Não compensa comprar um aparelho de DVD mais barato.
* Às vezes um pouco de privacidade não faz mal a ninguém.
* Uma caminhada de mil milhas sempre começa com o primeiro passo.
* Como é difícil dar o primeiro passo.
* Tem coisas que a gente só faz por amor.
* Zizi Possi é que estava certa.

Não entendeu? Cata-corno Google: Zizi Possi Perigo.

1 Comments:

Anonymous Anônimo said...

OLÁ, MEU COMENTARIO NAO TEM NADA A VER COM A MUSICA, MAS PRECISO DE UMA INFORMAÇÃO, ONDE POSSO COMER VITELA, NA REGIÃO DE GUARAPUAVA?
CASO POSSA ME AJUDAR,
adrianodpoli@yahoo.com.br

OBRIGADO.

segunda-feira, 18 junho, 2007  

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